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Suplementos para prolongar o bronzeado: Funcionam? Quais os efeitos?

1 Dez 2023 - 08:00

Suplementos para prolongar o bronzeado: Funcionam? Quais os efeitos?

A pele bronzeada faz lembrar o verão, as férias e a praia. Mas, à medida que o céu vai ficando mais cinzento, o bronzeado acaba por esmorecer – nuns casos, mais depressa; noutros, mais lentamente.

É a pensar nisso que há quem opte por tomar suplementos para prolongar o bronzeado. Mas serão estes suplementos eficazes? Quais os seus efeitos?

Como funcionam os suplementos para prolongar o bronzeado?

Em declarações ao Viral, Luís Uva, dermatologista na Clínica Personal Derma de Lisboa, afirma que alguns destes suplementos podem ajudar a prolongar o bronzeado, mas “não durante o ano inteiro”

Um dos principais compostos destes suplementos são os carotenos, responsáveis por “estimular a produção de melanina [responsável pela cor e pigmentação da pele], que serve para proteger a pele de queimaduras e de cancro”.

É a melanina que, “quando é oxidada pelo sol, provoca o bronze”, explica ainda o especialista. 

No entanto, para alcançar o resultado previsto, os suplementos devem começar a ser tomados “antes e durante a exposição solar”, aconselha o dermatologista.

Também Alexandra Osório, dermato-venereologista especializada em dermatologista estética avançada e em cancro cutâneo, refere que estes suplementos devem começar a ser tomados “15 dias antes da exposição solar”, durante a exposição e “mais 15 dias depois”.

“Estes intensificadores do bronzeado estimulam a produção de melanina que funciona como um escudo protetor da célula e protege-a das radiações solares (UVA, UVB e Infravermelhos)”, esclarece a especialista. 

Importa sublinhar que estes produtos não devem substituir a aplicação de protetor solar, que é o mecanismo mais eficaz para manter a pele protegida contra queimaduras e melanomas (cancro da pele).

Mas porque perdemos o bronzeado? As células da pele estão em constante renovação e, por essa razão, o bronzeado acaba por desaparecer com o passar do tempo – ou com o renovar da epiderme.

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É por essa razão que, muitas vezes, após a exposição solar prolongada, ocorre a descamação da pele

As novas células da epiderme não têm a melanina oxidada e, por isso, correspondem ao fototipo (tipo de pele segundo a capacidade de assimilar a radiação) da pessoa.

Além dos suplementos, há também outra forma de prolongar o bronzeado por mais algum tempo: “Para prolongar o bronze, deve-se hidratar muito bem a pele com hidratantes de qualidade, com ceramidas e ácido hialurónico”, aconselha a dermatologista.

De facto, os suplementos podem ter o efeito no prolongar do bronzeado, mas não devem ser tomados sem acompanhamento de um dermatologista. 

Este especialista vai ajudar o utente a perceber se o produto que pensa adquirir tem ou não os componentes eficazes para o efeito pretendido. Além disso, a utilização de suplementos deve ser feita com cautela e, preferencialmente, sob supervisão médica. 

O que são os carotenos e que papel têm na proteção da pele?

Os carotenos são um dos principais componentes presentes nos suplementos para prolongar o bronze. 

São compostos naturais e podem também ser encontrados em alguns alimentos – como a cenoura, o espinafre, o tomate ou a batata-doce. Qual é o efeito dos carotenos na pele e porque são tão falados?

Há pelo menos cinco décadas que os carotenos têm vindo a ser estudados como possíveis protetores da pele contra as radiações solares, principalmente as UVA e as UVB.

Uma revisão à evidência clínica, publicada em 2021, analisou os resultados dos ensaios clínicos publicados sobre o assunto e concluiu que “a suplementação com multi-carotenos pode providenciar uma proteção à luz incidente com uma cobertura uniforme de toda a superfície do corpo e pode potencialmente ajudar a pele a ter um aspeto saudável”.

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Em 2020, dois investigadores publicam um artigo sobre o papel dos carotenos na saúde da pele, destacando que uma dieta que contenha estes compostos “é útil para proteger a pele contra o excesso de luz”, apesar de o fator de proteção “ser baixo e requerer meios adicionais em exposições elevadas de UV”.

Qual o impacto da pigmentação da pele na duração do bronze? E no risco de cancro?

A exposição às radiações solares produz a oxidação da melanina, o que faz com que as células da pele adquiram um tom mais escuro – conhecido como bronzeado.

No entanto, se a exposição solar for prolongada e não tiver sido utilizado protetor solar, as radiações podem “desestabilizar o equilíbrio da célula e conduzir ao envelhecimento ou morte celular, dando origem ao cancro de pele”, explica Alexandra Osório.

A melanina é apontada como um dos mais importantes fatores de proteção da pele contra as radiações solares. Um artigo publicado em 2007 destaca que, “além de funcionar como grande absorvente da UV”, a melanina tem também “propriedades antioxidantes e [um processo] de eliminação radical”.

Os autores do artigo sublinham que “muitos estudos epidemiológicos mostraram que uma menor incidência de cancro de pele em indivíduos com pele mais escura comparados com os que têm pele mais clara”.

Também Luís Uva lembra que o fototipo pode ser um fator de proteção contra a ocorrência de queimaduras solares (vulgarmente chamadas de escadão) ou o desenvolvimento de melanomas (cancro da pele).

“Há pessoas com um fototipo mais alto, que têm mais melanina e, por isso, estão mais protegidas. O fotótipo 2, que corresponde à grande maioria da população portuguesa, produz muito pouca melanina e, por isso, pode ficar com queimaduras [solares]”, explica o dermatologista.

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Alexandra Osório lembra que a duração do bronzeado também está dependente do fototipo da pessoa. 

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“Nos fototipos mais altos, o pigmento leva muito tempo a desaparecer porque há muito pigmento criado. Nos fototipos abaixo de três, as células têm pouco ou quase nenhum pigmento”, sustenta.

Um artigo publicado em 2014 fez uma análise correlativa entre a exposição solar estimada da pele e a incidência de melanomas em pacientes norte-americanos. Apesar de não poder ser retirada uma relação de causalidade entre estes dados, as conclusões apontam para um crescimento em paralelo das duas variáveis.

Os investigadores lembram que os casos de cancro de pele – uma das principais causas de morte entre as doenças da pele nos países ocidentais – têm vindo a aumentar, à medida que sobe também a popularidade do bronzeado.

1 Dez 2023 - 08:00

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